Talvez a coisa mais famosa do filme Kapó , de Gillo Pontercorvo, não seja nada relacionado ao filme propriamente dito, mas sim da reação de certo crítico a uma decisão estilística do diretor. Em dado momento da história, que lida com os horrores do campo de concentração nazista, uma personagem comete suicidio se jogando contra uma cerca elétrica, após sua morte, a câmera reenquadra o corpo da personagem, ainda preso a cerca, se aproximando do mesmo e realizando um tilt para cima. É esse pequeno momento que resultou no texto “Da Objeção”, de Jacques Rivette, onde escreve que o homem que toma tal decisão merece “nada mais do que um profundo desprezo”. Esse provavelmente é um dos episódios mais emblemáticos sobre uma discussão que dura até hoje sem respostas muito concretas, que diz respeito ao como representar situações que requerem um pouco mais de responsabilidade por parte dos envolvidos. Como representar o holocausto? a escravidão? Essas situações de sofrimento inima...