É possível ter simpatia por algo que não seja parecido conosco? Essa talvez seja uma pergunta grande demais para um indivíduo responder, mas me peguei pensando muito sobre isso durante Diário de Uma Onça , documentário que chegou aos cinemas nesta quinta feira (30). A obra é dirigida pelo trio Joe Stevens, Fábio Nascimento e Mário Haberfeld e propõe um dispositivo narrativo “inusitado”, que é o de contar a história de uma onça, Leventina, em primeira pessoa. Para isso, foi escalada a atriz Alanis Guillen, intérprete de Juma na nova versão da novela Pantanal . É essa decisão que me fez refletir sobre a questão do início do texto. Stevens e Nascimento possuem ampla experiência com imagens da natureza, e o documentário é recheado de imagens da onça em seu habitat natural, detalhando seu comportamento no Pantanal. Mas não lhe é permitido ser “somente” uma onça-pintada, é preciso humanizá-la . Entra a narração de Alanis que é, naturalmente, muito similar a voz de Juma. Se é uma ...